CORREU SANGUE EM ALAGOAS
Assim a Revista "O Cruzeiro" publicou na sua edição de 21 de Outubro de 1950.A Estátua da Liberdade imperava na Praça da Liberdade, em Maceió. Mais uma lei recente trocou o nome da praça para "General Góis Monteiro" e a estátua foi descida do pedestal, cedendo lugar ao busto do general.
Tenho analisado este fato ocorrido com a nossa
família, até agora nada justifica o ocorrido, as mortes de Ubaldo e Sônia são
completamente sem sentido, só um assassinato cruel. O que mais me marcou foi a
briga entre os irmãos da família Góis Monteiro, feia e até hoje ninguém diz nada sobre o assunto. Usaram
a Mata Grande e a nossa família para mostrarem este lado
lamentável. Tem também a intriga entre Eustáquio Malta e Moacir Peixoto
que se não tivesse se misturado a divisão política entre as duas famílias
poderiam até chegar a tentarem se matar, mais um ao outro e não a barbárie que
ocorreu. Sabemos que Moacir Peixoto dias antes encheu a cidade de pistoleiros, segundo
ouvi dizer de Floresta, acho que só teve esta coragem por causa do apoio do
então governador Silvestre Péricles e o seu irmão o General Góis Monteiro que
retardaram a vinda do exército para garantir a tranquilidade da eleição, propiciando a matança que ocorreu.
Texto e fotos de Luciano Carneiro para a revista "O CRUZEIRO":
Família Malta
Ubaldo
de Alencar Malta Eustáquio
de Albuquerque Malta Maria Sônia de Alencar Malta
Família Góis Monteiro
“E o desgosto de minha velhice a briga
de meus filhos.” (Disse Dona Constância de Góis Monteiro)
ISMAR DE GÓIS MONTEIRO - Senador da República e do mesmo partido da maioria da família Malta,
ao lado seu irmão EDGARD DE GÓIS MONTEIRO,que falou nos recalques freudianos do general seu irmão, em telegrama a revista.
SILVESTRE PÉRICLES - Apontado por Edgard (seu irmão) como um governador demente, desonesto e assassino.
GENERAL GÓIS - Foi acusado por dois irmãos Ismar e Edgard, de cumplicidade nos dolorosos fatos.
Esta é a Rua Gabino Besouro (atual Rua Eustáquio Malta), onde ocorreram os mais sangrentos acontecimentos das recentes eleições no Brasil. Todas estas casas foram atingidas pelo tiroteio, vendo-se as seguintes indicações: nº 1 - local onde foi baleado Eustáquio Malta (a seta indica o ponto para onde o arrastaram e o mataram a coronhadas e tiros); nº 2 - onde foi baleada Maria Sônia, de 16 anos e filha de Eustáquio; nº 3 - onde foi morto pelas costas o jovem Ubaldo, de 18 anos e também filho de Eustáquio; nº 4 - casa onde se refugiou, já moribunda a quarta vítima, um empregado.
A MUNICIADORA - Maria Gerusa de Albuquerque Malta, irmã de Eustáquio e tia dos dois jovens mortos em Mata Grande, teve atuação destacada na luta contra os pistoleiros que perseguiam sua família e o senador. Durante todo o tiroteio, ela forneceu munição aos que defendiam sua casa, sem se intimidar com o zumbido das balas ou com o seu pé ferido, sangrando de um ferimento a bala. Ei-la, com um rito de dor e desespero na face, mostrando a abertura feita pelos projéteis nas calças de Ismar de Góis Monteiro.
Na foto Eunice de Albuquerque Alencar - Quando o Senador Ismar foi conforta-la por ocasião do enterro, ela caiu ao solo, não resistindo a emoção. Lançava na mudez dolorosa de sua atitude a maior condenação já feita ao episódio sangrento. Episódio que lhe havia roubado o esposo e os dois filhos maiores!
O sargento Miguel Pereira, da polícia alagoana, havia sido um dos assassinos do pai do deputado Oséas Cardoso. Mais continuava solto. No tiroteio da Mata Grande coube-lhe matar uma linda jovem de 16 anos, que procurava socorrer o pai ferido. Ele foi fotografado ao sair, já preso pelo Exército, da pensão onde havia se hospedado.
O fatos se passaram em 03 de outubro de 1950.
O fatos se passaram em 03 de outubro de 1950.